segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Kintsukuroi



Ao consertar uma cerâmica quebrada é possível dar uma nova forma de vida à cerâmica que se torna ainda mais refinada graças às suas "cicatrizes". A arte japonesa de kintsugi ensina que objetos quebrados não são algo a esconder, mas para mostrarmos com orgulho.
Quando uma tigela, um bule de cerâmica ou um vaso precioso cai e quebra em mil pedaços, nós ocidentais, geralmente os jogamos fora com uma certa tristeza. Entratando há uma alternativa que os japoneses praticam que realça as rupturas adicionando valor ao objeto quebrado. É chamado kintsugi (金継ぎ), ou kintsukuroi (金繕い), literalmente dourado ("Kin") e reparo ("tsugi"). Ou seja, esses objetos, principalmente os de porcelana, são reparados utilizando uma forma do metal ouro.
Esta arte tradicional japonesa usa um metal precioso-ouro líquido, prata líquida ou laca polvilhada com ouro em pó-para reunir as peças de um item de cerâmica quebrada. A técnica consiste em juntar fragmentos e dar-lhes um aspecto novo, mais refinado. Cada peça reparada é única, por causa da impresivibilidade de como a cerâmica se estilhaça ao cair , além dos padrões irregulares formados que são feitos com o uso dos metais preciosos utilizados.
Ou seja, utilizando esta técnica é possível criar verdadeiras e exclusivas obras de arte, cada uma com sua própria história e beleza, graças às rachaduras únicas formadas quando o objeto se quebra, como se fossem feridas que deixam marcas diferentes em cada um de nós.
O que nós podemos aprender com essa técnica Kintsugi???
Essa arte kintsugi sugere muitas coisas. Não devemos jogar fora objetos quebrados. Quando um objeto nosso se quebra, não significa que ele não é mais útil. Suas rupturas podem se tornar valiosas. Devemos tentar reparar as coisas porque, ao fazermos isso, poderemos obter objetos mais valiosos. Esta é a essência da resiliência. Cada um de nós deve procurar uma maneira de lidar com eventos traumáticos de uma forma positiva, aprender com experiências negativas, tirar o melhor delas e entender que são essas experiências que tornam cada pessoa única, preciosa.
Cada um de nós possui rachaduras na vida. Há várias passagens em nosso caminho que causaram dor. A questão em si é como lidamos com elas. Podemos jogar os objetos quebrados fora, ou seja, não trabalharmos a dor que nos incomoda ou , passarmos por essa dor, tentando entender sua origem e como lidar com ela, criando nossa própria restauração, assim como os japoneses fazem com suas cerâmicas.
(@julisavio)

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